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Desafios de acadêmicos na busca por (re)colocação

  • Foto do escritor: Integração Academia-Indústria
    Integração Academia-Indústria
  • 24 de mar. de 2021
  • 4 min de leitura

Você completou a pós-graduação e está com dificuldades de se inserir no mercado de trabalho? Ou conhece alguém nessa situação?


Essa é uma realidade enfrentada por muitos mestres e doutores no Brasil, que pode ser resultado de muitos fatores:

  • Crescimento no número de profissionais formados?

  • Poucas oportunidades para pós-graduados no mercado?

  • Falta de informações sobre a seleção de emprego? Como se comportar e valorizar seu conhecimento?



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Figura 1. Títulos de mestrado e doutorado (1996 à 2017).

Ao analisar o número de títulos de mestrado e doutorado no país entre 1996 e 2017 (Plataforma Sucupira, CAPES), observamos um imenso crescimento na formação de profissionais com pós-graduação. Quando comparamos os dados mais atuais com 1996, o número de mestres cresceu em 488% e doutores em 657% (Figura 1)! Essa é uma estatística muito positiva, já que profissionais com essas qualificações fazem a diferença na competitividade econômica e no desenvolvimento inovador do país.




Contudo, a maior parte dos profissionais acabam ocupando empregos na área de educação, principalmente aqueles com doutorado (Figura 2). Em 2017, apenas 4,2% dos mestres e somente 1,3% dos doutores encontravam-se empregados na área de Indústria de Transformação. As atividades econômicas com maior intensidade para doutores correspondem à Pesquisa e Desenvolvimento Científico, Educação e Atividades Ligadas ao Patrimônio Cultural e Ambiental. Além disso, a empregabilidade desses profissionais em Indústrias de Transformação diminuiu entre 2010 e 2017.


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Figura 2. Percentual de estabelecimentos empregadores de mestres e doutores em 2017.


Como vimos nas estatísticas, doutores(as) são formados(as) principalmente para seguir em carreira acadêmica com o pós-doutorado e, logo depois, como professores(as) acadêmicos(as). Mas não é novidade, dentro desta área, sentir-se insatisfeito(a) no meio do caminho, onde parece que o ônus da pós-graduação é maior do que o bônus. Podemos citar:

  • Projetos de pesquisa com baixos investimentos (falta de insumos e/ou equipamentos);

  • Prazos e expectativas altas (bons resultados, publicações em periódicos, participações em eventos, docência, etc);

  • Competitividade e comparação constante;

  • Não há carteira de trabalho assinada para mestrandos e doutorandos;

  • Mestrado e doutorado não são contados como anos de contribuição para a aposentadoria (total: 6 anos);

  • Não há insalubridade para quem trabalha em laboratório em contato diário com materiais tóxicos (até mesmo os químicos);

  • Reflexos negativos na saúde mental de pós-graduandos;

  • Muitos não consideram a pós-graduação como uma profissão;

Por consequência, muitos profissionais ao serem formados desejam a migração para o mercado de trabalho. Uma vez formados, as opções fora da academia podem ser limitadas, sendo necessário um bom planejamento de rotas a seguir em um grande processo de adaptação. Com o interesse em se inserir no meio corporativo, outros desafios aparecem:


1. Seu perfil é compatível com a vaga?

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Será que o seu perfil de trabalho é acadêmico ou empresarial? Você se adequa ao funcionamento de uma empresa? Ambos os ambientes de trabalho tem suas próprias características, e cada empresa terá suas regras e expectativas. Não podemos esperar por uma única solução, pois cada empresa tem seus ideais e cada profissional tem suas características pessoais.


O primeiro passo é considerar algo que é comum para a maioria das empresas: hierarquia. Você consegue trabalhar recebendo ordens de um superior? No meio acadêmico também há a figura de liderança no(a) orientador(a), mas às vezes a cobrança e a vigilância nas atividades não são tão pesadas se você entregar o resultado final no prazo. Se você teve contato com um(a) orientador(a) criterioso(a), você já possui experiência em lidar com a cobrança, considere esse aspecto nas suas competências! Na academia você tem mais liberdade de desenvolver ideias de forma independente e possui horários flexíveis. Você conseguiria trabalhar em uma empresa com um procedimento padrão e uma rotina em horário fixo?

2. Autoconhecimento e conhecimento sobre mercado de trabalho

Para compreender melhor o seu lugar no mercado de trabalho, é fundamental o autoconhecimento. Saber quais são suas competências (hard e soft skills), qual é o perfil procurado para ocupar a vaga e até mesmo a preparação emocional são aspectos muito importantes em uma seleção de emprego.

Conhecer as empresas de seu interesse e como elas atuam é uma boa estratégia para saber se seus conhecimentos são compatíveis. Por exemplo, se você quer trabalhar com análises ambientais, você sabe quais análises são feitas? Saber em detalhes quais são as atividades do cargo trazem mais segurança para você expressar seus conhecimentos em uma entrevista.

Além disso, conhecer suas competências não se resume apenas ao conhecimento técnico-acadêmico, a pós-graduação desenvolve muitas habilidades que podem ser utilizadas no mercado de trabalho. Você sabe lidar com pressão? Prazos? Horário de trabalho? Hora extra? Consegue resolver problemas?

Então, o autoconhecimento junto com as informações sobre a empresa, como estruturar um currículo e que postura adotar em entrevistas são alguns passos a serem tomados para conquistar a vaga desejada!

Hoje em dia para as empresas a experiência é TUDO! Então se você não possui experiência fora da universidade e está tendo dificuldades em ser aprovado nas seleções, talvez tenha que considerar iniciar com um cargo júnior. Avaliar suas expectativas com o mercado de trabalho e adaptar sua carreira é apenas mais um passo árduo que, nós pesquisadores, podemos adicionar na nossa caixa de ferramentas.


Essa é apenas a introdução da nossa série de discussões sobre transição academia-indústria, conecte-se ao Integração Academia-Indústria para conferir as próximas publicações!

Se identificou com algum tópico ou discorda de algo? Gostaria de compartilhar alguma experiência pessoal? Levante essa discussão e vamos trocar ideias!


Referências: Mestres e Doutores 2019. CGEE (Centro de Gestão e Estudos Estratégicos), 2019. Disponível em: <https://mestresdoutores2019.cgee.org.br/>. Acesso em: 18 de março de 2021.

10 Biggest Struggles of PhD Students. INOMICS, 2019. Disponível em: <https://inomics.com/advice/10-biggest-struggles-of-phd-students-610514>. Acesso em: 20 de março de 2021.

FERNANDES, Felipe Cicaroni. Sendo mais que um rato de laboratório: O pesquisador moderno e as habilidades transferíveis. LinkedIn, 2018. Disponível em: <https://www.linkedin.com/pulse/sendo-mais-que-um-rato-de-laborat%C3%B3rio-o-pesquisador-e-felipe/>. Acesso em: 15 de março de 2021.

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